O lugar do jornalismo

Mesa-redonda discute o atual lugar do jornalismo

Foram discutidas as mudanças pelas quais passa o jornalismo, as expectativas para esse movimento e o perfil do profissional atualizado

Texto: Italo Wolff

Fotos: Camila Caetano

 

O lugar do jornalismo no mundo contemporâneo foi tema da mesa redonda realizada nesta quinta-feira (26/11), no Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, como parte da programação do Seminário de Comunicação Pública e Cidadania. O debate, mediado pela diretora de jornalismo da Rádio Universitária, Ana Flávia dos Santos, contou também com o assessor da diretoria de jornalismo da EBC, Eurico Tavares; o apresentador e editor do programa Conexão Futura, Cristiano Reckziegel; e a coordenadora do curso de jornalismo da UFG, Angelita Lima. Os convidados discorreram e responderam sobre as perspectivas do jornalismo em face das novas tecnologias e formas de organização midiáticas .

Angelita Lima iniciou o debate colocando o jornalismo atual como campo de disputas, uma atividade em processo de transformação. Segundo a professora, novas tecnologias possibilitaram que as pessoas se informassem por vias diferentes, e isso revelou inconsistências no modelo hegemônico de mídia. “A principal crítica que se tem feito à grande mídia – a da falta de transparência – convoca o jornalismo a se repensar, desde a estética de sua linguagem até a ética de sua apuração”, afirmou ela. Problemas como a inversão dos fatos (que ocorre quando o enfoque é dado à aspectos secundários de uma matéria), ocultação (quando a informação não é passada integralmente), e o vício da mídia hegemônica pelas fontes oficiais se tornam óbvios com a pluralidade de vozes permitida pela internet e facilidade de acesso à aparelhos filmadores, entre outros.

Segundo Angelita Lima é esta pluralidade que apontará o lugar do jornalismo no mundo contemporâneo. Para a professora, essas questões devem ser trabalhadas na formação do profissional. Ela lembrou que as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de jornalismo, do Ministério da Educação, a serem colocadas em prática a partir do ano de 2016, contemplam as tendências contemporâneas. Segundo os artigos segundo, quarto e 16º das novas diretrizes dispõem que os cursos devem levar em conta a capacidade argumentativa e de análise dos fatos; a formação em direitos humanos e cidadania; em empreendedorismo; e que todas essas disposições devem ser garantidas pelas avaliações do curso. “Os jornalistas são reconhecidos como sujeitos responsáveis. Desta forma, a formação se torna um campo institucional de enfrentamento”, afirmou.

Mesa Redonda sobre o lugar do jornalismo contemporâneo

As mudanças nas práticas do mercado de trabalho jornalístico foram relacionadas às transformações na formação profissional.

Cristiano Reckziegel apresentou sua função e como se estrutura o canal Futura, um canal educativo de iniciativa privada. Segundo ele, a linha editorial do canal se preocupa com matérias de interesse público, mas não necessariamente de interesse do público. O canal, que é parceiro de conteúdo da TV UFG e diversas outras emissoras universitárias, busca ampliar as abordagens, ao invés de tentar competir com grandes emissoras na cobertura do factual. “Em um episódio do programa que apresento, por exemplo, o Conexão Futura, procuramos ampliar o olhar sobre a violência: o que leva um indivíduo à criminalidade e o que acontece após sua prisão, ao invés de cobrir o tiroteio.” Para Cristiano Reckziegel, o desafio é mostrar como esses temas de preocupação secundária, à primeira vista, de fato repercutem na vida dos espectadores.

Eurico Tavares concentrou sua fala nas transformações que a comunicação pública tem sofrido ao longo dos anos. O assessor da diretoria de jornalismo da EBC afirmou que se adaptar às mídias sociais e novas linguagens é um imperativo. “Ou o veículo muda ou é engolido. Não dá mais para fazer comunicação pública tendo qualquer tipo de preconceito”, disse ele. Eurico Tavares afirmou que a formação tem de se concentrar na educação ética, pois a mera técnica não é suficiente para gerar um profissional que supra as expectativas sociais. “Atualmente se vê uma falta de preocupação social dos jornalistas, que não saem de sua zona de conforto em busca de um olhar responsável. Em uma rede de comunicação pública a responsabilidade social é importantíssima para que o trabalho desse jornalista tenha relevância junto às mais diversas camadas da população”, afirmou. Eurico Tavares também ressaltou o acúmulo de funções que caracteriza o jornalista atual.

O Seminário de Comunicação Pública e Cidadania é realizado pela Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), Assessoria de Comunicação (Ascom), Rádio Universitária, Fundação RTVE e TV UFG. O evento integra as comemorações dos seis anos da TV UFG e 50 anos do curso de Jornalismo.

Seminário comunicação púbica e cidadania

Foram questionados conceitos como a equivalência entre audiência e qualidade e a jornada de trabalho do jornalista

Fonte: Ascom

Categorias: comunicação pública Ascom UFG Rádio Universitária TV UFG